Fatos Atuais (Ultima)

Posted by Ismael Fabrício on 05:31

 Continuação:  

           O cigarro ia à boca de vez em quando. A xícara de chá já estava fria. E o relógio marcava uma da madrugada. O frio passava pelo buraco do vidro quebrado da janela a sua frente. O homem não se importava com muita coisa a não ser com o notebook diante de seus olhos azuis. Vez ou outra franzia a testa e passava a mão na barba rala tentando forçar a mente a pensar em algo brilhante, mas nada vinha. De repente escuta um barulho vindo da escada que leva ao andar de cima, mas nem se preocupou, pois sabia que naquela hora Sunny descia para ir a cozinha beber um copo de leite ou tomar uma xícara quente de chá. Olhando por cima do próprio ombro confirmou a teoria, vendo à belíssima Sunny passar pela porta do escritório com sua camisola cor de marfim e seus belos cabelos curtos ondulados.
        -Não sente sono meu anjo? –Pergunta ele a fazendo girar a cabeça para vê-lo.
        -Não consigo dormir sem você na cama. –Diz ela se aproximando e o abraçando por trás colocando os braços em volta do pescoço, e passando as mãos suavemente no peito do homem que apoia os braços na cadeira, deixando a mulher toca-lo.
         -Selenna ainda dorme? –Pergunta ele apoiando a cabeça entre os seios da mulher.
         -Sim, estava exausta por causa do jardim, praticamente plantou tudo sozinha, eu nem fiz muita coisa, só estava regando as mudinhas. Mas o que esta fazendo acordado até essa hora?
        -Terminando algumas coisas antes da viagem de logo mais à tarde.
        -Deixe isso ai e vamos pra cama, talvez eu consiga acordar a Selenna para me ajudar com você. –Diz Sunny beijando o pescoço de Haig com segundas intenções.
       -Não vai precisar de ajuda querida, estou exausto, apenas você acabaria comigo, além do mais, minhas costas doem, deve ser essa poltrona velha, temos que comprar uma poltrona mais confortável.
        -Quer que eu lhe faça uma massagem querido? –Pergunta ela levando as mãos nos ombros do marido o apertando.
         -Claro querida.
         O som de vidro quebrado surge de repende na porta da sala. Haig e Sunny ficam um pouco aflitos com tamanho barulho, fazendo Haig se levantar e empurrar a mulher para o lado.
         -Ligue para Selenna do meu telefone celular e diga pra que ela tranque a porta, e você fique aqui e tranque a porta também. Vou ver o que foi isso. –Diz Haig seguindo em direção à gaveta da mesa do escritório a abrindo, logo depois retirando um revolver e rapidamente seguindo para fora do aposento em direção à sala.
        -Não vá amor, vamos ligar para o xerife... –Diz Sunny assustada.
        -Espere aqui e ligue para Selenna, faça o que eu disse. –Diz ele se encostando na parede tentando ver se encontrava o invasor no meio da sala.

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              -Pegaram Mac, ele ainda não voltou, e ta muito quieto por esses lados. Acho que estão nos caçando. –Diz Carlo ao amigo Trevys.
             -Devemos ver se ele esta bem...
            -Não. –Interrompe Carlo. –É isso que eles querem. E além do mais não escutei disparo de nenhuma outra arma a não ser o da espingarda de Mac. Ele deve estar vivo. –Sussurra Carlo abaixado junto a Trevys próximo a grandes pedras e troncos de árvores que seguem o Velho Rio.
             -E então o que faremos? –Pergunta Trevys olhando assustado para praticamente todos os lados.
            -Vamos seguir o rio até a Passagem. Deixaremos as mulheres escondidas em algum canto da caverna com o Ed e voltaremos para achar o Velho. –Diz Carlo olhando para Trevys, esperando alguma posição.
            -Certo, então temos que ir logo, Ed vai nos atrasar, e pelo jeito ainda falta muito caminho até lá.
            Os dois se levantam e correm até uma clareira não muito longe dali, onde estavam Elizabeth verificando a perna de Ed e Olivia sentada em uma pedra cobrindo o rosto com as palmas das mãos.
          -Então acharam meu tio? –Pergunta Elizabeth.
          -Infelizmente não...achamos que ele foi pego...
          -Como assim? Voltem lá e tragam o meu avô. Ele voltou por nossa causa, para dar tempo para tirar Ed de lá... –Diz ela irritada e chorosa.
          -Iremos voltar sim, mas somente depois de chegarmos à Passagem, temos que deixar vocês em segurança primeiro. –Afirma Carlo olhando para Ed.
          -Enquanto isso meu avô fica com aqueles caras sendo maltratado? –Elizabeth questiona.
          -Bom ele sabia dos riscos, e foi ele que se ofereceu, não deixou nem eu e nem o Carlo ir. –Afirma Trevys a garota.
          -Vocês são uns bostas, isso sim. Deixar um senhor de idade fazer todo o trabalho sujo. –Diz ela saindo de perto do grupo, seguindo direção ao caminho de volta.
          -Pra onde vai? –Pergunta Carlo.
          -Buscar meu avô, se vocês não vão, se estão com medo, eu vou.
          -Pare de tolices, não conseguirá nada, só encontrará a morte ou vai saber o que seria pior vindo daqueles sujeitos... –Diz Trevys agarrando a garota pelo braço.
          -Me solta seu idiota medroso.
          A garota lutava para se soltar e Carlo pedia pra que parassem com o barulho enquanto Olivia ainda calada tremia pelo frio, até um vento forte soprar, fazendo todas as copas das arvores balançarem de um lado para o outro, produzindo um som de estalos e finos assobios. Todos ficaram quietos, por um segundo, até sentirem as gotas da forte chuva que acabara de desabar em toda a área.
          -Vamos, temos que chegar às Cavernas. Lá estaremos seguros por hora. Se quiser ir atrás de seu avô Elizabeth, pode ir, não a impediremos mais, se quiser vir conosco, seja bem vinda, prometo que voltaremos e procuraremos Mac assim que essa tempestade passar, além do mais, vou voltar para o centro da colina para buscar a filha de Olivia, vocês são grandinhos demais para fazerem suas próprias escolhas, só não comprometam o resto do grupo com ideias suicidas. –Diz Carlo, seguindo em direção a Ed para carrega-lo.
           -Vou atrasar vocês Carlo me deixe aqui. –Diz Ed ao ser erguido do chão sendo apoiado por Carlo e logo em seguida por Trevys.
          -Tarde demais amigo, o arrastamos até aqui, e será levado até onde formos.
          Olivia contente com o que Carlo acabara de falar, se levanta apressadamente e segue os três. Enquanto Elizabeth parece pensar no que fazer. Mas ao perder os quatro de vista na escuridão a alguns metros à frente, decide prosseguir com o grupo, dando uma demorada olhada para trás.

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            -Pra onde os seus amiguinhos estão indo velhote? –Pergunta Sanders a Mac, agora rodeado de homens.
           -Até parece que iria falar pra você filho...
           -Não sou seu filho e se não responder na próxima vez que eu te perguntar, espalharei seus miolos por essa folhagem seu saco de ossos velhos.
           Bill sorri com a situação, mordendo o lábio inferior toda vez que olha diretamente para a arma do irmão encostada no centro da testa de Mac.
          -Espere Sanders, não assuste o homem. –Interrompe Saemon se aproximando do senhor sentado no chão.
         -Seu nome senhor? –Pergunta Saemon.
        -Me chamo Antony MacNuff, e moro nessa região há décadas, o que buscam de tão importante nesse fim de mundo? Colina dos Corvos só abriga pessoas que necessitam de ar fresco e um pouco de tranquilidade, são pessoas boas. Por que maltrata-las dessa forma? Talvez se pedisse, entregaríamos de bom grado o que diabos esta procurando. E lhes digo que se for ouro, já faz tempo que se acabou por...
         -Não senhor, não viemos por ouro, e pouco importa como são e o que vieram fazer toda essa gente nessa cidadezinha de merda. O que quero é mais importante até mesmo que minha própria vida, e farei de tudo para poder obter o que vim buscar. Mas vocês ficaram no caminho justamente na hora errada, agora deverão ser castigados por isso. Eu só perguntarei uma vez e deixarei seu corpo e alma para meus irmãos sedentos por sangue, lhe dou alguns segundos para responder, mas apenas cinco, depois receberá uma bala na cabeça, e depois da sua morte eu mesmo terei o prazer de caçar seus amiguinhos por essa região a fora.
           Mac sentiu pelas palavras do homem a sua frente que estava falando a verdade, e que não hesitaria em mata-lo se não respondesse para onde o grupo estava indo.
          -Eles estão indo pra onde? –Pergunta Saemon, colando uma touca na cabeça a ajustando em cima das orelhas geladas por causa do frio da noite.
          Mac sentia um frio pior na barriga. Agora sentia que seria seu fim, e se mentisse o que fariam com ele quando descobrissem a verdade.
          5...
          O suor escorre pela testa...
          4...
          Na boca falta saliva...
         3...
         A cabeça abaixa...
        2...
        Os olhos se fecham...
        1...
         -Estou indo querida Tereza... –Diz Mac sentindo o cano gelado da arma do rapaz em sua têmpora no fim da contagem de Saemon.
        0...
        O som de um disparo.

****************************
         Elizabeth olha para trás e para, o disparo abafado chega aos seus ouvidos, vindo não muito distante dali, seus olhos se enchem de lagrimas e se juntam com a água da chuva que escorre por seu rosto. Se deixa cair de joelhos na lama do caminho para a tal Passagem que os levariam para a entrada das cavernas um pouco mais a diante, leva as mãos no chão e desaba em um choro abafado, dilacerante e incurável de dor.
        Olivia a abraça encostando sua cabeça na cabeça da garota, e a aperta forte em consolo, sabia como era aquela dor, pois a sentira dentro da casa quando escutou o disparo vindo de algum dos aposentos, mas ainda não acreditando que poderia ser Ellys a vitima.
         -Tire a gente daqui Carlo, por favor. –Olivia pede apertando mais forte a garota, também começando a chorar.

Continua...

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